Comissão da UNE irá investigar casos de 46 ex-líderes estudantis que foram assassinados ou desapareceram durante o período da ditadura militar
A Comissão Nacional da Verdade participará na próxima sexta-feira (18) do lançamento da Comissão da Verdade da UNE, a partir das 18h, na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O lançamento acontece durante a abertura do 14º Conselho Nacional de Entidades de Base (CONEB), evento que reúne estudantes universitários de todo o país.
Para Claudio Fonteles, coordenador da Comissão Nacional da Verdade, e que participará do lançamento amanhã, no Recife, a Comissão da UNE tem papel fundamental para a revelação da verdade sobre os anos de chumbo. “Os estudantes foram a parcela da sociedade que mais sofreu com a repressão”, afirmou.
A comissão da verdade estudantil pretende investigar casos de 46 dirigentes da UNE que, segundo a entidade, estão listados como mortos ou desaparecidos durante o período da ditadura militar (1964-1985).
Dentre esses casos está o do ex-presidente da UNE, Honestino Guimarães. Aluno da Universidade de Brasília (UnB), Honestino foi perseguido e preso inúmeras vezes pelo regime militar. Se tornou um herói da resistência à ditadura e até hoje é um símbolo para estudantes no Brasil. Honestino está desaparecido desde 1973, ocasião em que foi preso pelo extinto Centro de Informações da Marinha (Cenimar).
“Dizem que ele foi jogado de um avião, então eu gostaria de saber o ponto mais preciso possível para que eu pudesse, ao menos, ir até a praia mais próxima e reverenciar o meu tio”, disse Matheus Guimarães, sobrinho-neto de Honestino, em encontro ocorrido esta semana entre a CNV e familiares de mortos e desaparecidos políticos do DF.
Segundo a UNE, a comissão estudantil “pretende levantar informações sobre esses episódios, apurar detalhes junto a famílias, universidades e a partir do acesso a documentos oficiais e dos resultados da investigação da Comissão Nacional da Verdade”.
NOITE DE LANÇAMENTO – A cerimônia de lançamento contará com a participação do sobrinho de Honestino, que receberá homenagem em nome do tio e com um debate sobre a nova comissão, do qual participarão Fonteles, o presidente da Comissão de Anistia, do Ministério da Justiça, Paulo Abraão, e Paulo Vanucchi, ex-ministro da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.
A cerimônia será aberta pelo filme “Arquivo Honestino Guimarães”, de Paula Damasceno, que pode ser visto aqui (http://www.youtube.com/watch?v=sAdn8nIPbis). Depois, será exibido “Repare Bem”, dirigido pela atriz e diretora portuguesa Maria de Medeiros, que aborda a vida de Eduardo Leite, o Bacuri, militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), morto após ser preso e torturado por mais de 100 dias no Rio de Janeiro, e o impacto desses fatos na vida de sua mulher, a presa política Denise Crispim, e sua filha.
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