Hoje, aqui no Rio de Janeiro, o dia foi cinza. Do lado de fora da janela, do lado de dentro de mim. Pior: foi um dia Cisa, sigla terrível para Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica, definida como a “Gestapo” brasileira pelo ex-soldado da Aeronáutica José Bezerra da Silva, que serviu na Base Aérea do Galeão, na Ilha do Governador, primeiro militar que assume ter assistido ao assassinato de meu jovem irmão estudante,Stuart Edgar Angel Jones, naquele local, e de maneira que me deixou devastada. E que há de deixar também vocês.
Por ocasião deste testemunho único de um militar (enfim!), corroborando o que todos já sabíamos e até esta ocasião os militares da época e seus simpatizantes negavam, vou divulgar hoje documentos históricos, inéditos, que fazem parte da memória política brasileira e vocês precisam conhecer.
Terezinha, a destinatária da carta de minha mãe vista logo abaixo, escrita em 17 de agosto de 1971, com meu irmão já morto, é a mulher de um general comandante da época.
Alceu Amoroso Lima, que envia uma correspondência para Zuzu Angel, foi o nosso grande intelectual, pensador católico:
Antonina Murat Vasconcellos, mãe da então militante perseguida, presa, torturada, hoje cineasta consagrada, Lucia Murat, dá seu depoimento sobre mamãe, logo após seu “acidente” provocado. Um relato de bastidor:
Aí está o original, com a assinatura de Nelson Weneck Sodré, para o prefácio do livro “Eu, Zuzu Angel, procuro meu filho”, com os documentos reunidos pela minha mãe, que o ditou à minha tia Virginia Valli, sua irmã e grande companheira e apoio na busca de Stuart – o Tuti. Tive a alegria de conseguir fazer editar e lançar, no então Teatro Casa Grande, essa obra conjunta, de minha mãe e minha tia, em 1986, 10 anos após a morte de mamãe, pela Editora Record, de Alfredo Machado, e posteriormente reeditá-la, pela Editora Philobiblion.
Por fim, divulgo para vocês, a carta entregue por Zuzu ao secretário de Estado americano Henry Kissinger (juntamente com um dossiê sobre a morte de Stuart)+, por ocasião de sua vinda ao Brasil, em fevereiro de 1976.
Dois meses e duas semanas depois, Zuleika Angel Jones, a Zuzu Angel, foi assassinada pelas mesmas forças que executaram o seu tão amado filho.
Zuzu Angel, mesmo sendo Túnel, ainda não conseguiu ver uma luz, em seu final, que identifique e responsabilize os responsáveis pelos horrores vividos naquela tragédia brasileira, que tragou tantos jovens idealistas, seu filho, sua nora, outros filhos e ela própria.
Com os parabéns à Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro, que, enfim desvenda uma nesga de luz em crônica escuridão.
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