Nesta primeira
semana de abril, quando se completam 49 anos do golpe civil-militar que legou
tantas mazelas para a sociedade contemporânea, foi realizada a 3ª Jornada Para
Não Esquecer Jamais, um evento de discussões e intervenções sobre a ditadura
militar que foi articulado através do Comitê Pela Memória, Verdade e Justiça do
Ceará. Pelo terceiro ano consecutivo a Jornada Para Não Esquecer Jamais é
realizada tendo como objetivo levar o debate sobre esse período de repressão,
perseguição, tortura e assassinatos, que foi a ditadura militar, para a
juventude de Fortaleza, com atividades na UFC, UECE e UNIFOR. Nesse ano a
Jornada foi construída pelo Centro Acadêmico de História – Caldeirão, entidade
ligada a Federação do Movimento Estudantil de História (FEMEH), o Coletivo
Aparecidos Políticos e o Grupo de Arte Callejero, um grupo argentino de
mulheres militantes que realizam intervenções urbanas sobre diversas pautas em
seu país.
No segundo dia foi realizada uma roda de conversa entre CAHIS Caldeirão, Coletivo Aparecidos Político, Grupo de Arte Callejero e estudantes de História da UFC sobre Memória, Verdade e Justiça, regimes militares e as intervenções de arte-política na Argentina, como parte da recepção de calouros do curso. Durante a noite foi realizada uma mesa-redonda, com expressiva participação dos estudantes da UECE, no Campus do Itaperi, sobre as experiências das ditaduras militares na Argentina e no Brasil, com Vanessa e Lorena Bossi, militantes do Grupo de Arte Callejero e Marcelo Ramos, ex-militante da Federação do Movimento Estudantil de História. O amadurecimento do debate sobre os resquícios que o regime militar legou aos dias de hoje, expressos na criminalização da juventude e dos movimentos sociais, foi bastante ressaltado na atividade e se coloca como um elemento cada vez mais necessário para a reflexão sobre esse tema.
Como ponto
central do debate sobre políticas de Memória, Verdade e Justiça na atualidade,
foi realizada uma mesa-redonda sobre a Comissão Nacional da Verdade, com Sílvio
Mota, do Comitê Pela Memória Verdade e Justiça do Ceará, e Pedro Albuquerque,
da Associação Anistia 64/68, discutindo limitações e perspectivas. A Comissão
Nacional da Verdade, nomeada pela Presidenta Dilma, já percorre um ano de
existência e se torna difícil perceber algum avanço na sua atuação. O atual
caráter da Comissão, que já nasce bastante limitada com um número minúsculo de
participantes, um tempo de duração que não lhe dá margem para muita produção e
uma composição bastante conservadora, passa às organizações e movimentos que
militam na pauta um sentimento de frustração e de indignação. O que se aponta
enquanto perspectiva é a necessidade de forte pressão popular para se promover,
minimamente, avanços na atuação da atual Comissão.
No
último dia foram realizadas exposições de vídeos sobre intervenções do Coletivo
Aparecidos Políticos e Grupo de Arte Callejero na videoteca da UNIFOR, e finalizou-se
a Jornada com uma oficina teórico-metodológica sobre escrachos e intervenções
urbanas, no auditório do Mestrado Acadêmico em História da UECE, seguida de
intervenções nos muros da universidade. Colocar em evidência, nos muros da
universidade, a memória da luta desses sujeitos que deram a vida pela liberdade
em um período tão difícil é importante e extremamente necessário. Promover,
para aqueles que passam nos corredores, interesse e reflexão sobre o tema, e,
quem sabe, inspirar a juventude daquele ambiente a se mobilizar e lutar pela
mudança na sua realidade. Esse é o objetivo da Jornada Para Não Esquecer
Jamais!
Bruno Costa, Membro do Centro Acadêmico de História da UECE
Bruno Costa, Membro do Centro Acadêmico de História da UECE
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