quinta-feira, 4 de abril de 2013

COMISSÃO DA VERDADE - Momento de união



Edson Luiz
 
A luz amarela se acendeu na Comissão Nacional da Verdade, depois que veio à tona a informação de que seus membros e familiares de mortos e desaparecidos durante o regime militar não estavam se entendendo. Na segunda-feira, o coordenador do colegiado, Paulo Sérgio Pinheiro, reagiu ao fato de que eles, ao contrário do que querem os parentes das vítimas, estão trabalhando reservadamente. Ele também disse que conta, ainda, com o apoio da presidente Dilma Rousseff e manterá a estratégia de conservar as investigações sob sigilo ou tratá-las pelo menos com mais discrição.
Independentemente da forma como o trabalho da Comissão da Verdade deve ser feito, o importante é que o grupo exista para investigar o passado tenebroso de 1964 até a redemocratização, em 1985. Esta semana demos mais um passo, que foi a digitalização das fichas e dos prontuários encontrados no Departamento Estadual de Ordem Política e Social, o temido Deops. Como disse Pinheiro, os documentos são vestígios arqueológicos do passado político brasileiro. É, além de tudo, mostrar como atuava a repressão no período da ditadura, bisbilhotando pessoas e mantendo-as sob controle.
Porém, com as supostas divergências surgidas entre a Comissão da Verdade, familiares e outras pessoas, pode atrapalhar um trabalho de resgate da história do país. Ou mesmo dificultar as investigações ou intimidar quem quer colaborar para esclarecer fatos obscuros do regime militar. Uma questão é divergir, outra é repartir. E isso não deve ocorrer em nenhum momento. Agora é tempo de unir, conversar e discutir um tema que é comum a todos, mas polêmico como sempre foi.
É bom lembrar que muita coisa foi feita, como a liberação de documentos da área de informação das Forças Armadas para o Arquivo Nacional. E, agora, a publicação das fichas do Deops na internet pelo Arquivo Público de São Paulo e muita coisa boa ainda vem pela frente. Portanto, divergir a esta altura pode ser temerário. E, com certeza, não vai acontecer. Pelo menos é o que se espera neste momento de novas e boas descobertas para esclarecer um período da história do país.

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