segunda-feira, 8 de abril de 2013

Exumação tentará identificar corpo de guerrilheiro



Alex de Paula Xavier Pereira
Foto: Arquivo pessoal

Família, que contesta versão oficial de tiroteio, quer saber se restos mortais são mesmo de Alex Xavier Pereira

Fonte: O GLOBO.COM
  • RIO — O Ministério Público Federal (MPF) e a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos da Presidência vão exumar na próxima terça-feira, no Rio, o que seriam os restos mortais do guerrilheiro Alex de Paula Xavier Pereira, morto aos 22 anos pelo DOI-Codi de São Paulo, em 1972. O objetivo é confirmar se a ossada que está no cemitério de Inhaúma, na Zona Norte, pertence ao militante e ex-aluno do Colégio Pedro II. A informação foi publicada ontem na coluna do jornalista Ancelmo Gois no GLOBO.

  • Segundo o procurador da República Sérgio Suiama, existem 180 investigações em curso no MPF para apurar crimes cometidos durante a ditadura militar (1964-1985). Entre eles, estão incluídos execuções, sequestros e ocultação de cadáveres. Desse total, 120 inquéritos tratam apenas de casos ocorridos no Rio.
    — Caso não seja confirmada a identificação de Alex pelo exame de DNA, vamos continuar investigando. Queremos punir os responsáveis por ocultação de cadáver — afirma Suiama.
    Nos registros oficiais, a morte de Alex teria ocorrido em 20 de janeiro de 1972 durante tiroteio após um acidente de carro próximo à Avenida República do Líbano, em São Paulo. No veículo, estava outro guerrilheiro, Gelson Reicher, também assassinado. A família de Alex não crê na versão da troca de tiros. O guerrilheiro, ao morrer, militava na Ação Libertadora Nacional (ALN).
    Alex foi enterrado como indigente, com o nome de João Maria de Freitas no Cemitério Dom Bosco, no bairro Perus, em São Paulo. O local era utilizado para enterrar vítimas do regime. Oito anos depois, uma ossada foi transferida para Inhaúma como sendo a do militante. A identidade de Alex, porém, nunca foi confirmada.
    O pedido de exumação foi feito pela irmã de Alex, Iara Xavier Pereira, de 61 anos, que retornou ao Brasil em 1979 após o exílio. Desde então, ela procura pelo corpo do irmão. A família de Iara militou no PCB e depois na ALN. À época, Iara perdeu outro irmão: Iuri Xavier Pereira, cujos restos mortais foram identificados.
    — Quando o Alex morreu, não podíamos ir atrás do corpo porque tínhamos medo de ser presos. Em 1996, identificamos o Iuri. São 33 anos sem resposta sobre o Alex. Todo cidadão tem o direito de sepultar os seus mortos. Estamos correndo atrás das provas. Minha mãe vai fazer 88 anos. Meu pai já morreu. É uma luta sem fim — desabafa Iara.
    Peritos da Polícia Federal vão participar da operação
    A coleta de material dos restos mortais que podem identificar Alex de Paula Xavier Pereira será realizada numa operação conjunta entre peritos do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal e o procurador da República, Sérgio Suiama. Gilles Gomes, coordenador-geral da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, órgão subordinado à Secretaria Nacional de Direitos Humanos da Presidência, também fará parte da equipe que irá ao cemitério de Inhaúma na terça-feira.
    — Não sabemos em que condições vamos encontrar os restos mortais. Somente a partir daí, teremos um prazo para divulgar o resultado, confirmando ou não como sendo do Alex — ressaltou Gilles Gomes.
    De acordo com o coordenador-geral da comissão, o pedido de exumação de restos mortais feito pela família de Alex Xavier Pereira, por meio do Ministério Público Federal, foi o primeiro a chegar ao órgão.
    — Todos os requerimentos que foram apresentados têm pedidos de localização de corpos, mas a maioria referente à Guerrilha do Araguaia. Para exumação é o primeiro — ressaltou Gilles Gomes.

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