Por Elaine Patricia Cruz, da Agência Brasil | Yahoo! Notícias
Parentes de Virgílio Gomes da Silva, torturado e morto durante a ditadura militar, participaram na tarde desta segunda-feira (25) de uma audiência promovida pela Comissão da Verdade do Estado de São Paulo, na Assembleia Legislativa paulista. Em uma ficha encontrada anos depois nos arquivos do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) e entregue à família, o nome de Virgílio aparece acompanhado pela inscrição “morto”, em parênteses.
Na reunião desta segunda-feira, após ouvir os parentes de Virgilio Gomes, a comissão propôs fazer audiências para investigar as valas clandestinas do Cemitério de Vila Formosa, na zona leste da capital paulista, onde várias ossadas foram encontradas, mas não identificadas. Há uma suspeita, por exemplo, de que os restos mortais de Virgílio Gomes da Silva, até hoje desaparecido, seja identificado entre essas ossadas.
“O foco é a localização dos mortos e desaparecidos é saber quem os matou e os fez desaparecer”, disse o deputado Adriano Diogo, presidente da comissão, em entrevista à Agência Brasil. Segundo ele, a comissão tem a intenção de pedir agilidade no processo de identificação dessas ossadas e de localização de outros locais onde muitos corpos tenham sido enterrados.
Virgílio Gomes da Silva era militante da Ação Libertadora Nacional (ALN). Foi preso no dia 29 de setembro de 1969, em São Paulo, por agentes da Operação Bandeirantes (Oban), e levado para o DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna).
Durante a audiência, bastante emocionada, a viúva de Virgílio, Ilda Martins da Silva, falou sobre tudo que passou nas mãos dos agentes da ditadura. “Virgílio foi assassinado no dia 30 de setembro de 1969”, disse. Nesse mesmo dia, segundo Ilda, ela e três de seus quatro filhos: Vlademir, Virgílio e Isabel foram também presos. No DOI-Codi, foi interrogada e separada deles, declarou.
“Eu não queria me separar deles de jeito nenhum. Veio uma freira, pegou-os e os levou para o Dops. Eles ficaram dois dias no Dops e foram levados para um Juizado de Menores, onde ficaram por dois meses. A Isabel, que só tinha quatro meses, foi hospitalizada e quase morreu. Eu fiquei presa por nove meses e estive incomunicável, não podia ver meus filhos ou saber deles. E eu não tinha participação em nada”, disse.
Passados mais de 40 anos, a família ainda espera que os culpados pela morte de Virgílio sejam punidos e que a comissão ajude nessa tarefa. “Espero que sejam intimados a depor [na comissão] não só as testemunhas que o viram ser torturado e morto, mas também os que cometeram o ato”, disse Virgílio Gomes da Silva Filho. “Tem um laudo, descoberto em 2004, no qual está registrado quem era a pessoa, as condições em que o corpo se encontrava, com todas as características de tortura, com ossos quebrados e com todos os órgãos dele estourados. E dizia que foi encaminhado para o Cemitério de Vila Formosa”, disse Virgílio Gomes da Silva Filho.
Em entrevista à Agência Brasil, Silva Filho disse que, passados tantos anos, ainda espera alguma punição para os responsáveis pela morte do pai. “Eles [da comissão] têm a condição de pelo menos tentar, a obrigação moral de pelo menos tentar. Tem coisa que, pelo tempo que passou, pode ser que não se resgate com fidelidade ou com a riqueza necessária que precisaria ter. Mas o mínimo que se tem é de valor histórico, e temos obrigação de resgatar isso”, declarou.
Adriano Diogo declarou ainda que, no âmbito da comissão, não é possível punir os culpados pelas torturas e mortes que foram cometidas durante a ditadura militar. Por isso, ressaltou que o trabalho da comissão paulista será o de gerar um movimento nacional de opinião pública, tornando públicos os fatos que ocorreram durante o regime. “A maior punição que estamos tentando infringir a essas pessoas [que cometeram esses atos] é a publicização desses fatos”, disse. “O caso Virgílio Gomes é um dos mais bem documentados. Todos os assassinos estão identificados, há o laudo da morte”, o que falta é a identificação do corpo e a punição dos responsáveis, completou Diogo.
No decorrer do ano, a comissão, que vai analisar 154 processos, também pretende promover uma audiência para ouvir depoimentos de pessoas que, quando crianças, foram sequestradas ou torturadas durante a ditadura militar. A audiência de hoje foi a 11ª deste ano.
O caso do desaparecimento e morte de Virgílio Gomes da Silva durante a ditadura militar está sendo investigado pela Polícia Federal. A Agência Brasil procurou o órgão para tentar obter mais informações sobre o inquérito, mas até a publicação da matéria não obteve retorno à solicitação.
“O foco é a localização dos mortos e desaparecidos é saber quem os matou e os fez desaparecer”, disse o deputado Adriano Diogo, presidente da comissão, em entrevista à Agência Brasil. Segundo ele, a comissão tem a intenção de pedir agilidade no processo de identificação dessas ossadas e de localização de outros locais onde muitos corpos tenham sido enterrados.
Virgílio Gomes da Silva era militante da Ação Libertadora Nacional (ALN). Foi preso no dia 29 de setembro de 1969, em São Paulo, por agentes da Operação Bandeirantes (Oban), e levado para o DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna).
Durante a audiência, bastante emocionada, a viúva de Virgílio, Ilda Martins da Silva, falou sobre tudo que passou nas mãos dos agentes da ditadura. “Virgílio foi assassinado no dia 30 de setembro de 1969”, disse. Nesse mesmo dia, segundo Ilda, ela e três de seus quatro filhos: Vlademir, Virgílio e Isabel foram também presos. No DOI-Codi, foi interrogada e separada deles, declarou.
“Eu não queria me separar deles de jeito nenhum. Veio uma freira, pegou-os e os levou para o Dops. Eles ficaram dois dias no Dops e foram levados para um Juizado de Menores, onde ficaram por dois meses. A Isabel, que só tinha quatro meses, foi hospitalizada e quase morreu. Eu fiquei presa por nove meses e estive incomunicável, não podia ver meus filhos ou saber deles. E eu não tinha participação em nada”, disse.
Passados mais de 40 anos, a família ainda espera que os culpados pela morte de Virgílio sejam punidos e que a comissão ajude nessa tarefa. “Espero que sejam intimados a depor [na comissão] não só as testemunhas que o viram ser torturado e morto, mas também os que cometeram o ato”, disse Virgílio Gomes da Silva Filho. “Tem um laudo, descoberto em 2004, no qual está registrado quem era a pessoa, as condições em que o corpo se encontrava, com todas as características de tortura, com ossos quebrados e com todos os órgãos dele estourados. E dizia que foi encaminhado para o Cemitério de Vila Formosa”, disse Virgílio Gomes da Silva Filho.
Em entrevista à Agência Brasil, Silva Filho disse que, passados tantos anos, ainda espera alguma punição para os responsáveis pela morte do pai. “Eles [da comissão] têm a condição de pelo menos tentar, a obrigação moral de pelo menos tentar. Tem coisa que, pelo tempo que passou, pode ser que não se resgate com fidelidade ou com a riqueza necessária que precisaria ter. Mas o mínimo que se tem é de valor histórico, e temos obrigação de resgatar isso”, declarou.
Adriano Diogo declarou ainda que, no âmbito da comissão, não é possível punir os culpados pelas torturas e mortes que foram cometidas durante a ditadura militar. Por isso, ressaltou que o trabalho da comissão paulista será o de gerar um movimento nacional de opinião pública, tornando públicos os fatos que ocorreram durante o regime. “A maior punição que estamos tentando infringir a essas pessoas [que cometeram esses atos] é a publicização desses fatos”, disse. “O caso Virgílio Gomes é um dos mais bem documentados. Todos os assassinos estão identificados, há o laudo da morte”, o que falta é a identificação do corpo e a punição dos responsáveis, completou Diogo.
No decorrer do ano, a comissão, que vai analisar 154 processos, também pretende promover uma audiência para ouvir depoimentos de pessoas que, quando crianças, foram sequestradas ou torturadas durante a ditadura militar. A audiência de hoje foi a 11ª deste ano.
O caso do desaparecimento e morte de Virgílio Gomes da Silva durante a ditadura militar está sendo investigado pela Polícia Federal. A Agência Brasil procurou o órgão para tentar obter mais informações sobre o inquérito, mas até a publicação da matéria não obteve retorno à solicitação.
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