quarta-feira, 20 de março de 2013

40 ANOS DEPOIS, MISSA EM MEMÓRIA DE ALEXANDRE VANUCHI LEME VIRA ATO PELA PUNIÇÃO DOS CRIMES DE DITADURA



Tive a sorte de, de passagem por São Paulo, participar, neste dia 15/3, da missa que marcou os 40 anos de uma outra missa que, em 1973, se transformou numa das primeiras manifestações de massa contra o Regime Militar.

Em 17 de março de 1973, o estudante (de Geologia, na USP) foi preso, sendo em seguida torturado até a morte. A notícia só foi divulgada pelas autoridades militares no dia 23 – a causa declarada da morte foi atropelamento por um caminhão, após tentativa de fuga. Seu corpo foi enterrado como indigente, no cemitério de Perus, na região metropolitana de São Paulo.

No dia 30 de março de 1973, uma missa em sua homenagem reuniu milhares de pessoas na catedral da Sé, no que foi considerada a primeira grande manifestação de massa contra a ditadura após o AI-5, de 1968. Enfrentando barreiras policiais, a vigilância dos órgãos de repressão da Ditadura, o risco de prisão e desaparecimento pela simples presença ao ato litúrgico, milhares de estudantes e trabalhadores desafiaram o regime e fizeram daquele momento um ponto de partida para a retomada das mobilizações públicas contra o governo dos generais.
Por iniciativa do Comitê da Verdade da ALESP, a missa do dia 15 último homenageou não apenas os 40 anos do assassínio de Alexandre Vannuchi, como também lembrou os 40 anos daquele primeiro ato contra a Ditadura. Por isso mesmo, a missa, da qual o bispo emérito Angélico Sândalo Bernardino (também presente na missa de 1973) foi o celebrante, tomou o caráter de ato em defesa da apuração cabal dos crimes cometidos no período do Regime Militar e pela categórica punição dos culpados, em todos os escalões.

Trabalhadores, sindicalistas e membros do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, jovens, familiares de Alexandre Vannuchi, representantes de diferentes confissões religiosas, parlamentares e autoridades, como a Ministra Maria do Rosário e o Prefeito de S. Paulo, Fernando Haddad se fizeram presentes, transformando a celebração religiosa em um ato pela verdade e a justiça.
José Eudes Baima Bezerra

Professor da Faculdade de Filosofia D. Aureliano Matos (FAFIDAM) da Universidade Estadual do Ceará (UECE)

Nenhum comentário:

Postar um comentário