Na opinião de Anita Leocádia Prestes, o Brasil vai completar 50 anos desde o Golpe de 1964, sem ter feito justiça pelos torturados.
Filha do político Luiz Carlos Prestes, militante do comunismo no Brasil, a historiadora Anita Leocádia Prestes defende que a Lei da Anistia Política, de 1979, foi uma conquista, para a época, mas é limitada. Ela lamenta que o Brasil seja atrasado em relação a países vizinhos, como Uruguai e Chile, que têm condenado torturadores de suas ditaduras até à prisão perpétua. No entanto, aqui, os torturadores estão vivendo em liberdade, em alguns casos, ocupando cargos públicos, critica Anita.
“Ano que vem vai fazer 50 anos do Golpe de 1964 e até hoje não se fez justiça no Brasil. O Governo vacila muito em ter receio da reação dos militares. O grande absurdo é que não vão mexer na Lei da Anistia”, disse Anita, que está em Fortaleza. Na noite de ontem, ela lançou seu livro Luiz Carlos Prestes - O combate por um partido revolucionário (1958-1990), na Câmara Municipal de Fortaleza. Antes, ela participou da abertura da exposição “Prestes no Ceará”, na sede da Associação 64/68 - Anistia, no Benfica. Hoje, dará palestra às 9 horas, no Centro de Formação Frei Humberto.
Pela Lei da Anistia, ela argumenta que torturadores não podem ser processados e condenados e, com isso, a Comissão da Verdade fica limitada a pesquisa e levantamento de dados. A postura do Governo, diz, só poderá ser superada pela pressão popular.
Como Anita explica, o livro trata dos últimos 32 anos da atividade política de Prestes, mostrando como o pensamento dele evolui, como rompe com a direção do PCB em março de 1980, com a divulgação da Carta aos Comunistas, e como prossegue na luta “por um partido revolucionário que conduza setores populares por um Brasil melhor, sem injustiças e, em última instância, pelo socialismo”.
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