PATRÍCIA BRITTO
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
Advogados que defenderam militantes perseguidos pela ditadura militar querem transformar em memorial a antiga sede da Justiça Militar da União em São Paulo. O imóvel fica na avenida Brigadeiro Luís Antônio, nº 1249, no bairro da Bela Vista.
A ideia é criar uma exposição permanente de fotografias, objetos e documentos alusivos ao trabalho dos advogados no período. Essa proposta será apresentada pela Comissão da Verdade da seccional paulista da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e pelo Núcleo de Preservação da Memória Política à SPU (Superintendência do Patrimônio da União), que administra o imóvel.
Fechado desde 2010, o prédio abrigou as auditorias militares --que julgavam crimes cometidos por membros das Forças Armadas e passaram a julgar crimes políticos depois do golpe de 1964.
"Naquele prédio, praticou-se até tortura", diz o advogado Belisário dos Santos, que calcula ter defendido no local quase 500 réus políticos de 1968 a 1983. "Havia uma fase anterior ao inquérito, extremamente repressiva. Depois se recompunha uma aparência de formalidade e o caso ia para a Justiça."
Mas a cessão do espaço ainda não está garantida. Em julho, o imóvel passou para a Polícia Federal, que previa instalar o Setor de Registro de Estrangeiros. O projeto foi inviabilizado porque precisaria de uma reforma estimada em R$ 500 mil. Agora a PF negocia outro prédio, mas pretende ceder o da Bela Vista para a Guarda Civil Metropolitana.
A palavra final sobre o uso futuro do imóvel caberá à SPU em São Paulo, mas a decisão ficará para 2013.
Silva Junior/Folhapress | ||
Fachada do prédio onde funcionou a Audiotoria Militar durante a ditadura |
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