O Comitê Memória, Verdade e
Justiça do Ceará participou do Encontro
Nacional da Sociedade Civil que reuniu 39 entidades de luta pelo Direito
à Memória, Verdade e Justiça de todas as regiões brasileiras. Estiveram
presentes 20 estados. O Ceará foi representado por Serley Leal, do CCML e
Sílvio Mota, ex-guerrilheiro da ALN, ambos do Comitê Cearense. O evento, que foi
organizado pelos Comitês da Verdade, especialmente pelo Comitê de São Paulo,
ocorreu na cidade de Cajamar, no Centro de Formação dos Trabalhadores da CUT,
nos dias 27 e 28 de abril. Durante os dois dias, foram debatidos temas acerca da
Luta pela Reinterpretação da Lei da Anistia, a qual já existe proposta na
Câmara dos Deputados e é de autoria da Deputada Federal Luiza Erundina; da
garantia do cumprimento das tarefas da Comissão Nacional da Verdade, previstas
em lei; críticas à transparência dos trabalhos realizados pela CNV; e diversas ideias
para resgatar à Memória daqueles que deram suas vidas pela democracia no
Brasil.
Várias moções e denuncias também
vieram à tona no plenário do Encontro. Destaca-se o descaso com as ossadas
encontradas na vala clandestina do cemitério de Perus, SP, e há 23 anos sem a
devida identificação. Em relatório realizado pelo Instituto de Identificação
Argentino e financiado pela Associação Brasileira de Anistiados Políticos
(ABAP) foram denunciadas várias omissões dos órgãos públicos responsáveis pelas
ossadas: UNICAMP, USP, Prefeitura de São Paulo e Governo do Estado de SP. O
Ministério Público já impetrou ação contra tais absurdos. Outro momento
importante foi a moção apresentada pela União Nacional dos Estudantes (UNE) e
aprovada pelo Encontro solicitando o imediato reconhecimento do Estado Brasileiro
pelo desaparecimento e morte do estudante Honestino Guimaraes, aluno da
Universidade de Brasília e assassinado pelo regime militar.
Foram aprovadas também inúmeras propostas
e a criação de uma Secretaria de Articulação Nacional com o objetivo de
melhorar a organização nacional do Movimento de Memória, Verdade e Justiça, bem
como garantir uma maior participação nas decisões da Comissão Nacional da
Verdade.
Após o encerramento do Encontro,
no dia 29 de abril, os delegados e observadores apresentaram suas
reinvindicações à CNV no Hotel Marabá, centro de São Paulo. Três membros da CNV
escutaram atentamente as críticas e sugestões e, após vários discursos, o Coordenador
da Comissão, Paulo Sérgio Pinheiro, falou sobre a importância do encontro e assumiu
diversos compromissos, entre eles, realizar uma audiência pública no Estado do
Ceará. Na ocasião, o coordenador do Comitê Cearense, Silvio Mota, falou: “abro mão
do meu discurso para fazer uma única cobrança: que a CNV vá ao Ceará para o
lançamento da Comissão Universitária da UFC e UECE, e nos ajude a criar novas
comissões institucionais. É isso que queremos”.
Ficou muito claro o
fortalecimento dessa luta após o Encontro e a reunião com a CNV na busca de condenar os criminosos civis e militares responsáveis pelas graves violações aos direitos humanos.
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