quinta-feira, 16 de maio de 2013

Ex-agente da repressão presta depoimento em audiência pública da Comissão da Verdade de São Paulo


O ex-militar Valdemar Martins de Oliveira prestará depoimento na Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva” para o esclarecimento do assassinato do casal Catarina Abi-Eçab e João Antônio dos Santos Abi-Eçab. A audiência pública acontecerá na próxima quinta-feira (16/5) a partir das 14h00 no auditório Tiradentes. O ex-agente é testemunha do assassinato e dará novas informações sobre o funcionamento dos aparatos de repressão política.
 
Segundo informações do livro Dossiê Ditadura: Mortos e Desaparecidos Políticos no Brasil 1964-1985, João Antônio e Catarina eram estudantes de Filosofia na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP e casaram-se em maio de 1968. Militavam no movimento estudantil. O casal era suspeito de ter participado da execução do capitão do Exército norte-americano Charles Rodney Chandler, em 12 de outubro de 1968, feita pela ALN e pela VPR.
 
Durante muito tempo prevaleceu a versão policial que atribuiu a morte do casal à explosão do veículo em que viajavam, em consequência da detonação de explosivos que transportavam, em 8 de novembro de 1968, às 19 horas, no km 69 da BR-116, próximo a Vassouras (RJ).
 
A versão divulgada na imprensa foi a de que ambos foram vítimas de um acidente de automóvel: “[…] chocaram-se contra a traseira de um caminhão que transportava pessoas em sua caçamba”. No veículo em que estavam, teria sido encontrada uma mala com armamentos e munição.
 
A reportagem feita pelo jornalista Caco Barcellos, veiculada no Jornal Nacional (TV Globo) em abril de 2001, desmentiu a versão policial de acidente e demonstrou que João e Catarina foram executados.
 
O laudo da exumação, elaborado pelos legistas Carlos Delmonte e Isaac Jaime Saieg, em 23 de julho de 2000, concluiu que a morte foi conseqüência de “traumatismo crânio-encefálico” causado por “ação vulnerante de projétil de arma de fogo”. Sua morte ocorreu em decorrência de um tiro que a atingiu pelas costas. Além disso, os legistas não encontraram sinais de autópsia feita anteriormente. A causa mortis apresentada em 9 de novembro de 1968, pelos médicos Pedro Saullo e Almir Fagundes de Souza, do IML de Vassouras, foi “fratura de crânio, com afundamento (acidente)”.

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