terça-feira, 28 de maio de 2013

CNV rebate argumento de Ustra sobre mortes no Doi-Codi-SP

Membro da CNV atualiza série sobre o Estado Ditatorial Militar e acrescenta estatísticas sobre mortes no Doi; veja íntegra do depoimento de Ustra à CNV
     Membro da Comissão Nacional da Verdade, Claudio Fonteles atualizou o capítulo II da série de artigos sobre o Estado Ditatorial Militar. Na versão atualizada do texto, Fonteles acrescenta estatísticas sobre prisão e morte produzidas pelo próprio Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna do II Exército em São Paulo (DOI-CODI/SP) e rebate o argumento do coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra de que as mortes aconteceram em combate.
     Para Fonteles, a justificativa de que as mortes aconteceram “em combate”, apresentada por Ustra no dia 10 de maio perante a Comissão Nacional da Verdade, “não tem o menor cabimento”. Veja aqui a versão em alta qualidade do depoimento de Ustra à CNV, postado hoje no Youtube da Comissão Nacional da Verdade. O link já indica ao internauta o trecho da audiência em que ocorre o debate em torno da estatística.
     Na tomada pública de depoimento de Ustra, o membro da CNV indagou o ex-comandante do Doi-Codi no período de 1970 à 1974 sobre as mortes apontadas em dois documentos produzidos pelo próprio II Exército e que estão a disposição no Arquivo Nacional. Os documentos são uma espécie de “estatística da repressão” e indicam dados como entrada e saída de presos e mortes naquela dependência.
A estatística de outubro de 1973 aponta que, desde sua criação, em 1970, 1786 pessoas foram presas pelo Doi-Codi de São Paulo, sendo 45 mortos. No mês seguinte, novembro, a estatística é atualizada e indica 1804 prisões e 47 mortes.
     Segundo membros do próprio Exército ligados a repressão, 51 pessoas foram mortas no Doi-Codi de São Paulo sob os comandos de Carlos Alberto Brilhante Ustra e seu sucessor, Audir Santos Maciel. O dado faz parte da monografia do coronel Freddie Perdigão Pereira, morto em 1997, apresentada na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército. Perdigão foi um dos expoentes da repressão no Rio de Janeiro e atuou também no Serviço Nacional de Informações.
      O documento de Perdigão segue a mesma estrutura de apresentação de dados da estatística do Doi-Codi do II Exército, pois indica o total de presos pelo Doi, depois divide esse dado geral em subitens: encaminhamentos ao DOPS, a outros órgãos, liberados, mortos e evadidos.
Para Fonteles, os documentos apontam para uma “conclusão inequívoca e óbvia”, a de que, no DOI/CODI do II Exército, desde sua criação em 1970, até 18 de maio de 1977, data da última atualização dos dados apresentados por Freddie Perdigão, pelo menos 51 pessoas foram mortas nas dependências ou sob a custódia do Doi-Codi de São Paulo.
       Fonteles também atualizou o texto sobre o caso do assassinato do ex-sargento da Aeronáutica João Lucas Alves, na delegacia de Furtos e Roubos de Belo Horizonte. O texto avança na lista de autoridades que ativamente ou omissivamente participaram de sua morte. 

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