quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Casa da Morte será transformada em Memorial da Verdade e da Justiça


Foto: Roque Navarro
A desapropriação do imóvel que ficou conhecido como a Casa da Morte, localizado no Caxambu, em Petrópolis, depende agora exclusivamente de verba federal. Na quarta-feira, o prefeito Rubens Bomtempo esteve reunido com a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário e a deputada Jandira Feghali para estudar meios de conseguir os R$ 1,2 milhão. A intenção é criar o Memorial da Verdade e Justiça, o primeiro do Brasil que fará parte de uma rede nacional de centros de memória da ditadura. Na primeira reunião com a presença da ministra, foi criado um grupo de trabalho que dará andamento ao processo.
A intenção é de que a desapropriação do imóvel para fins de utilidade pública seja concluída ainda este ano. O decreto que torna os imóveis de número 50 e 120 como sendo de utilidade pública já foi publicado do Diário Oficial. Segundo o procurador do Município, Marcus São Thiago, que faz parte do grupo de trabalho, “o projeto tem como objetivo tornar a casa um alerta para a as futuras gerações, para que os horrores praticados ali não voltem a acontecer”. O próximo passo é definir o conteúdo do memorial e os projetos que serão desenvolvidos no local. Além de acervo, o objetivo do projeto é abrigar também capacitação profissional, como a formação de historiadores e oficinas, além de servir de base para a criação de outros centros de memória nos estados. As reuniões do grupo devem acontecer nos próximos dois meses.
Para a deputada Jandira Feghali, que vai buscar verbas, por meio de emendas parlamentares, para a desapropriação do imóvel, “a parceria da ministra é fundamental.Ao mesmo tempo em que a Comissão da Verdade luta para resgatar a memória das vítimas da ditadura, criar um centro que os homenageia num local onde foi palco para tortura é promover a reflexão sobre aquela época que não pode mais voltar”, afirmou a deputada, que é presidente da Comissão de Cultura da Câmara. Entre os anos 1970 e 1974, durante a ditadura militar, o imóvel conhecido como casa da morte foi montado em Petrópolis supostamente pelo Centro de Informações do Exército (CIE), para a prática de torturas. 
O Centro de Defesa dos Direitos Humanos (CDDH) de Petrópolis também é a favor e foi um dos primeiros a desenvolver campanhas para transformar a casa em um memorial ou museu. O objetivo da Secretaria Nacional de Direitos Humanos da Presidência da República é criar uma rede nacional de centros de memória da ditadura. No livro Memórias de uma Guerra Suja, o ex-delegado Cláudio Antonio Guerra aponta locais onde podem ter sido sepultados corpos de presos políticos que teriam passado pela chamada Casa da Morte. O local também é objeto de Inquéritos Civis Públicos abertos pelo Ministério Público Federal em Petrópolis.

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